Com formação em Farmácia Bioquímica e Industrial e pós-graduada em Toxicologia, a mineira Luciana Machado Costa, se tornou papiloscopista da Polícia Federal há 13 anos.
“Essa profissão tem tudo a ver com meu desejo de investigar dentro de um laboratório”, comentou a profissional que em sua trajetória se deparou com vários desafios. Como a tentativa de furto a um caixa eletrônico na cidade de Goiabeiras, em 2015, na qual o autor do delito teve o dedo decepado e este ficou na cena do crime, sem que o ato fosse consumado.
O perito da Polícia Civil encaminhou a evidência para o laboratório da PF a fim de que fosse levantada a impressão digital. “Esse dedo chegou 20 dias depois da coleta e se encontrava muito ressecado, desidratado e dobrado sobre si mesmo. Media cerca de 6 mm x 5 mm. O desafio era conseguir hidratar essa pele, torná-la plana para recuperar o desenho digital desse dedo”, contou a profissional.
Não existia técnica para isso e houve uma intensa pesquisa sobre técnicas de necropapiloscopia. “Fizemos levantamento bibliográfico de técnicas de identificação cadavérica usadas em desastres em massas, terremotos, tsunamis, acidente aéreos e, a partir disso, desenvolvemos uma para aquele tecido que estava mumificado”, explicou a papiloscopista.
Foram utilizados reagentes em soluções criadas especificamente para esse caso. “Conseguimos o desenho digital. Depois foi feito separação das camadas epiteliais e houve a recuperação da impressão com 14 pontos característicos. Isso é mais do que suficiente para identificar alguém. Com oito pontos já é possível. Essa marcação mostra sucesso na técnica, uma certeza absoluta que o dedo pertenceu ao autor do delito”, disse Luciana, acrescentando que foram 20 dias para concluir o trabalho complexo no qual foram utilizadas técnicas de macrofotografias, softwares e editores de imagens.
O resultado desse esforço resultou em dois prêmios: um no Biometrics HITec, evento que reuniu empresas e profissionais que atuam com biometrias, tecnologias e técnicas de identificação humana, em Brasília, em agosto passado e outro no II Workshop Mineiro de Ciências Forenses, que aconteceu na Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, em dezembro.
O reconhecimento deixou Luciana ainda mais estimulada e contente com seu trabalho. “Eu me senti realizada e com a certeza de que investir em pesquisa é o mais importante na minha profissão”.
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