Em junho de 2023, num grupo institucional de trocas de mensagens para usuários do sistema eletrônico de polícia judiciária (ePol), grupo este integrado em sua maioria por escrivães e delegados de Polícia Federal, um delegado da Polícia Federal escreveu: “Meu amigo, vc que precisa aprender a agendar as oitivas do delegago ao qual vc esta subordinado.” (SIC)

Não se sabe ao certo a quem era dirigida a mensagem e sequer se tinha alguma pertinência temática com o tópico, mas a postagem causou enorme desconforto e desaprovação entre os participantes do grupo.

A mensagem não foi apenas uma manifestação individual infeliz, mas reflete a postura de arrogância e prepotência, que infelizmente não é novidade na instituição, mas que não deveria ser tolerada num ambiente das forças de segurança de um país que preza pela inclusão e democracia.

Apesar de recentes esforços e preocupação demonstrada pelo governo em relação à saúde mental dos policiais, a realidade revela um sistema corporativista que parece subjugar servidores concursados que integram a mesma carreira policial federal, cujo ingresso exige idêntico grau de formação acadêmica.

Embora ocupem cargos reconhecidos por lei como de nível superior, é visível a falta de cuidado, o tratamento desigual e a falta de reconhecimento em relação aos servidores não-delegados.

Nos últimos anos, os EPAs (sigla para definir os escrivães, papiloscopistas e agentes) foram sendo paulatinamente substituídos por delegados em praticamente todas as funções de chefia, bem como em comissões disciplinares, antes compostas por ocupantes de todos os cargos.

Muitos policiais experientes, com especializações, com anos de experiência e com competência comprovada em investigações complexas, ainda hoje são relegados a serviços de baixa complexidade, em um ambiente em que a falta de regulamentação da própria carreira esvazia as perspectivas e oportunidades de crescimento profissional e efetiva progressão funcional, além do não reconhecimento salarial condizente com o nível de formação acadêmica.

Essa realidade gera desmotivação, frustração e prejudica a saúde mental dos servidores, que se sentem obrigados a se conformar com a falta de progressão profissional efetiva, resultando em uma sensação de estagnação forçada de suas habilidades e conhecimentos, tudo isso devido ao modelo de gestão praticado por anos, que parece privilegiar interesses corporativos em detrimento do interesse público.

A falta de uma lei orgânica, que regulamente um plano de carreira efetivo, favorece a mentalidade de fomento a um modelo em que o monopólio do acesso à direção do órgão é orientado pelo cargo ocupado pelo servidor, muitas vezes em detrimento de sua eficiência profissional e de perspectiva intelectual diversificada.

Há muito tempo, na tentativa de diálogo, a federação nacional e os sindicatos de policiais federais vêm alertando a administração da PF, através de reuniões e ofícios, para abordar essa realidade, inclusive compartilhando os preocupantes resultados de pesquisas sobre o ambiente organizacional institucional.

Os gestores pareceram ignorar os anseios e a desmotivação que atinge grande partes dos servidores, como se só fossem capazes de ter empatia com os titulares de um único cargo. A insatisfação e a frustração decorrentes dessa cultura retrógrada de comando, em detrimento de uma polícia mais eficiente e igualitária, está transformando a Polícia Federal em uma instituição prestes a enfrentar cada vez mais problemas graves.

É importante que se promova uma gestão mais inclusiva, transparente e colaborativa, e a construção de uma lei orgânica democrática, que valorize e reconheça o potencial de todos os servidores, independentemente do cargo ocupado. Somente assim será possível construir uma Polícia Federal mais coesa, eficiente e verdadeiramente comprometida com o interesse público.

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