“Às vezes fica difícil segurar as lagrimas;

O mundo parece muito grande;

Tudo fica pesado;

A vida perde a cor;

Os minutos parecem horas infinitas;

Nos sentimentos bem frágeis;

Esse é o momento de buscar um novo olhar......(Xô Depressão – José Aníbal Torri Franco)

 O Cid 10 – F33, no Código Internacional de doenças, descreve o distúrbio que gera uma tristeza profunda, causando perda de interesse generalizado, falta de ânimo, de apetite, ausência de prazer e oscilações de humor, que podem evoluir para pensamentos suicidas. O mal está ligado a um grupo de doenças afetivas e, inicialmente, o paciente com este diagnóstico, deve ser acolhido em sua dor e ter o tratamento necessário.

 A depressão, de acordo com a OMS, atinge mais de 300 milhões (4,5%) de pessoas no mundo.  No Brasil, 5,8% da população nacional sofrem com a doença (dados de 2018). É a maior causa de afastamentos do trabalho e da vida ativa, causando além dos distúrbios e problemas físicos emocionais, estigma por parte da sociedade. 

 Muita gente ainda confunde tristeza com depressão e, por isso, despreza os sintomas, quando eles aparecem. Cabe aqui, inicialmente, uma diferenciação básica: A tristeza é um sentimento momentâneo. Em determinadas situações, ajuda na elaboração das perdas, ou sofrimentos ocasionais.

 Os fatores desencadeadores podem ser diversos, mas geralmente surgem a partir de aspectos da vida humana, como perda de emprego, término de um relacionamento ou a perda de alguém da família. É uma fase de sofrimento e angústia, que pode se prolongar por um determinado período, o qual tende a diminuir com o decorrer da vida normal e novas situações de prazer.

 Quando a tristeza não passa, pode surgir uma apatia constante, desamino, falta de vontade para a vida entre outros. É nesse momento que se deve olhar com mais atenção pois pode ter-se estabelecido o processo depressivo. 

 Depressão é doença e deve ser tratada. Qualquer pessoa que tenha um agravamento severo de um quadro depressivo, pode correr o risco de suicídio.

Poderíamos aqui abordar apenas os sintomas visíveis de uma depressão, porém temos visto ocorrências das depressões camufladas, que se escondem em fachadas de falsa alegria e vida normal. Esta passa despercebida por parentes, amigos e pessoas do convívio diário do indivíduo, mas com certeza quem tem pode identificar.

 Os sintomas da depressão estão escondidos e quando a vítima está em solidão, seus sintomas vêm à tona e o pior pode acontecer, e assim o seu tratamento se tornará mais difícil do que se for diagnosticado logo de imediato.

 A depressão tem tratamento médico e psicológico. Normalmente, a junção destes trará efeitos mais assertivos e ajudará o paciente em sua totalidade.

Diferente do que o paciente costuma pensar a seu respeito, existe uma força interna em cada indivíduo e será isto detectado em terapia e trabalhado para que ele possa se fortalecer e sair das crises desta doença tão nociva.

 Depressão não escolhe idade, raça ou classe social. É possível afirmar que algumas situações, como o estilo de vida, são facilitadores e propiciam o maior número de casos. Causas genéticas vem sendo estudas.

 Algumas profissões também aparecem entre os maiores índices de incidência de depressão, entre elas estão os profissionais da área da saúde e os policiais. Em 2015, 75 mil trabalhadores destas áreas foram afastados do trabalho pelo diagnostico de depressão (Fonte: ABP, Ministério da Previdência, Rosylane Rocha, diretora da Associação Nacional de Medicina do Trabalho)

 Alguns sintomas a serem observados:

• Apatia

• Falta de motivação

• Medos que antes não existiam

• Dificuldade de concentração

• Perda ou aumento de apetite

• Alto grau de pessimismo

• Indecisão

• Insegurança

• Insônia

• Falta de vontade em fazer atividades antes prazerosas

• Sensação de vazio

• Irritabilidade

• Raciocínio mais lento

• Esquecimento

• Ansiedade

• Angústia

 Veja as situações abaixo, e caso responda sim a mais de 5 delas, preste mais atenção em você e procure ajuda especializada.

 1. Pouco interesse ou prazer em fazer as coisas.

2. Ficar para baixo, depressivo ou sem esperança.

3. Dificuldades para pegar no sono, insônia ou dormir demais.

4. Muito cansaço ou falta de energia.

5. Apetite reduzido ou exagerado.

6. Se sentir mal – você se considera fracassado ou acha que desapontou os seus familiares e amigos.

7. Problemas de concentração para realizar suas tarefas, ler notícias ou ver televisão.

8. Se locomover ou falar muito devagar, a ponto de outras pessoas notarem.

9. Pensar que seria melhor morrer, ou ter vontade de se machucar.

10. Se você passou por problemas ou dificuldades, foi muito difícil superá-los

 Relação de depressão e suicídio

 Estão intimamente relacionados, porém não necessariamente uma pessoa com um transtorno depressivo irá ao suicídio e nem todo suicídio ocorre por causa de um a depressão. A desesperança, falta de vontade de viver, sentir-se sem forças para mudar presentes em quadros depressivos levam a intenção suicida e aí temos o quadro grave de uma depressão. Os pensamentos suicidas por si só já devem ser cuidados independentes de uma depressão.

 O que devemos observar?

v Nos casos graves de depressão a taxa de suicídio é muito mais elevada.

v O abuso de álcool e drogas podem causar estados depressivos e são extremamente graves, pois potencializam sintomas depressivos já existentes.

v Crises existenciais graves, somadas a diversos fatores como idade, doenças crônicas ou terminal, desesperança.

v Traumas psicológicos, entre eles o principal: abuso sexual infantil.

Qualquer pessoa que tenha um agravamento muito severo de um quadro depressivo, a ponto de não querer mais viver (mesmo que não mencione se matar), é um candidato em potencial ao suicídio.

 A resistência ao tratamento em diversos casos de transtornos depressivos é normal, o indivíduo tende a negação achando que a “cura” virá sozinha, ou através de uma mudança de emprego, uma viagem, ou até mudança de cidade ou país. Porém se não for devidamente tratada, onde quer que o indivíduo vá a depressão o acompanhará. 

  Silvia Navarro é psicóloga clínica de abordagem psicanalítica, experiência em tratamento de depressão, crises de ansiedade e borderline (transtorno de personalidade). Especialista em terapia de casal e família. Atualmente atua em consultório particular e é supervisora clínica escola na faculdade Anhanguera. A profissional é parceira do SINDPOLF/SP: para saber mais acesse esse link.

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